I Encontro Estadual Mulheres de Axé do Rio de Janeiro

O I Encontro Estadual Mulheres de Axé do Rio de Janeiro foi realizado pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, nos dias 21 e 22 de fevereiro de 2011, no município do Rio de Janeiro, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro.

O evento teve como objetivos: contribuir para qualificar o ativismo das mulheres de terreiro, fortalecer e ampliar a participação das mulheres nos espaços de defesa dos direitos humanos e do controle social de políticas públicas.


Público: Mulheres de terreiros do Estado do Rio de Janeiro, Gestores de saúde e da promoção da igualdade racial

Local: Arcos Rio Palace Hotel
Avenida Mem de Sá 115 - Lapa - Centro/ RJ

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Comentários enviados por Mãe Cristina de Oxum(São Paulo) sobre o encontro

Bom dia e Motumbá a todas e todos
É com grande alegria que venho aqui através deste agradecer e dizer o quanto foi produtivo este encontro e deixo um texto que fiz a partir das emoções estampadas e vividas por nós nestes dias do I Encontro de Mulheres de Axé do Rio de janeiro.

Mãe Cristina de Oxum


  
Quando Helena Theodoro começa a discursar e levantar os ventos de Oya, vejo que começava a chama que muitas de nós precisaríamos para suportar tamanha energia que se apresentava naquele espaço de negociação.
No crescente de sua fala a emoção chega espalhando no ar as lembranças do espelho quebrado na ausência de energia e de fogo das lembranças dos maus tratos vividos por nossos ancestrais e que naquele espelho agora trincado remetia a muitas mulheres que naquele espaço agora sufocante, mas ao mesmo tempo acolhedor e aconchegante pelo fato de não estarmos sós nas nossas lembranças começaram a ter uma catarse e como em transe deixavam suas lagrimas apagarem a quentura dos constrangimento por outrora vivido.

Na demonstração de quão real o racismo ainda esta latente nos nossos poros Jurema Werneck, cabocla guerreira, desvenda os nossos olhos já limpos pela lagrimas das lembranças e traz uma nova lente para a realidade e como devemos estar prontas para lutar contra a intolerância religiosa, institucional e não tão longe assim o racismo total que ainda esta presente nas nossas vidas de Mulheres de Axé.
Organizações que acreditam em tamanha dor vem dizer que estão prontas para acolher as dores e dar ferramentas para lutar, como que Exu e Ogum dizendo olha estamos aqui venham se armem e auxiliem no comando desta nova ação, construção de uma vida mais digna para as Mulheres de Axé.
Mulheres estas que já estavam neste momento com seus pensamentos, olhares, voltados ao futuro, pois aguçadas elas deixam emanar muito mais energia de eu posso, eu quero, eu vou, objetivando os seus ideais que noutra hora dizia que não tinham pernas para conquistas coletivas de um bem maior para as suas comunidades e que com a demonstração de uma mulher de Oxum que traz instrumentos que possam ser levar a novos rumos.

Não sei dizer ao certo em que momento vi o que vou relatar neste pequeno trecho de minha escrita, mas sei que no final trouxe comigo uma parcela desta que foi a energia de maior intensidade neste inicio de ano para mim.
Olhares turvos, sensações variadas, ondas que antes inertes agora afloradas pela audição e visão no horizonte. Humildes, singelas, mas guerreiras, capazes, políticas são as Iyás que pela primeira vez estiveram conosco, como que diziam em suas posturas – o que os Orixás querem de mim? O que estou fazendo aqui?

Nossas Iyás mais experientes nestas lutas nos colocam no trabalho com seus exemplos de direcionamento como fez Mãe Beata ao término do primeiro dia.
E ao nos despedirmos de Mãe Hóstia de Rondônia, mulher que quero aqui homenagear pela sua singeleza em dignidade e amor, tanto quanto a Mãe Helenice de Salvador que nos disse eu quero, eu vou. Mae Helenice que luta em sua comunidade para manter a tradição, cultura e religiosidades. Vi uma menina que necessitava de afago, pois acaba de comer um doce, tão doce que saciou as suas ansiedades, mas que também aguçou a sua curiosidade em querer provar de novos sabores, mas que ao entrar na sua realidade precisava de abraços, carinho e acolhimento para seguir em sua jornada.

Só sei ser verdadeira: as lágrimas de Mãe Hóstia fizeram com que eu realmente acreditasse é possível, basta querer. Nas lagrimas de  minhas Iyás presentes: vamos realizar juntas, não estamos só, nas lágrimas de Ogan Silvestre tudo podemos naqueles que nos fortalecem, o quanto o sagrado é a base de nossas ações e o quanto o coletivo é o nosso objetivo. Um bem maior para atingir cada vez mais pessoas neste nosso compromisso, o quanto os depoimentos se faz presente para continuarmos na trajetória.
E por fim cada diamante em forma de lágrimas sejam colhidos como fontes de inspiração, valores inestimáveis para o nosso caminhar diante das nossas lutas pessoais e coletivas.

Adupé!

O meu muito obrigada para todas e todos por me deixar fazer parte de seus compromissos, as senhoras e senhores fazem parte do meu caminhar, espero honrar tudo que presenciei nestes dias.

Iyá Cristina d’Osun

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