I Encontro Estadual Mulheres de Axé do Rio de Janeiro

O I Encontro Estadual Mulheres de Axé do Rio de Janeiro foi realizado pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, nos dias 21 e 22 de fevereiro de 2011, no município do Rio de Janeiro, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro.

O evento teve como objetivos: contribuir para qualificar o ativismo das mulheres de terreiro, fortalecer e ampliar a participação das mulheres nos espaços de defesa dos direitos humanos e do controle social de políticas públicas.


Público: Mulheres de terreiros do Estado do Rio de Janeiro, Gestores de saúde e da promoção da igualdade racial

Local: Arcos Rio Palace Hotel
Avenida Mem de Sá 115 - Lapa - Centro/ RJ

sábado, 4 de fevereiro de 2012

III Encontro Nacional Mulheres de Axé

Mulheres da umbanda, do candomblé, do tambor de mina, do terecô, do xambá, do batuque, da encantaria, do xangô, da jurema, da pajelança,  vão se encontrar no Rio de Janeiro para discutir políticas públicas de saúde.
Nos dias 09 e 10 de março de 2012 vai acontecer o III Encontro Nacional Mulheres de Axé, na cidade do Rio de Janeiro. O evento faz parte das ações promovidas pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e conta com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, do Ministério da Saúde, do Fundo de População das Nações Unidas(UNFPA) e da Fundação Cultural Palmares. 


O III Encontro Nacional  tem como objetivos:
- contribuir para o fortalecimento do ativismo das mulheres de terreiros e a ampliação da participação das mulheres nos espaços de defesa de direitos e controle social de políticas públicas,
- qualificar as informações sobre direitos sexuais e reprodutivos,
- estimular nos espaços internos e externos aos terreiros o desenvolvimento de ações de promoção da igualdade de gênero, de promoção e proteção dos direitos e da autonomia das mulheres. 
As inscrições estão abertas até o dia 20 de fevereiro de 2012.
Para fazer sua inscrição basta clicar em http://www.formfacil.com/redereligioesafro/mulheresdeaxe 

terça-feira, 10 de maio de 2011

João Pessoa vai sediar o próximo Encontro Nacional Mulheres de Axé


II Encontro Nacional Mulheres de Axé
Data: 17 e 18 de junho de 2011(sexta e sábado)
Local: João Pessoa
Objetivos: qualificar a informações sobre as dimensões de gênero e raça nas políticas públicas de saúde, ampliar a participação das mulheres de terreiros nos espaços de decisão de políticas públicas, sensibilizar as lideranças femininas de terreiros para a mobilização e participação nas  Conferências de Saúde e Conferência para as Mulheres.
Público: mulheres da tradição religiosa afro-brasileira, gestores e profissionais de saúde, gestores dos Orgãos de promoção de igualdade racial e das Políticas para as Mulheres.
Realização: Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e  Saúde-GT Mulheres de Axé, Núcleo Paraíba da Rede Nacional Religiões Afro-Brasileirias e Saúde
Inscrições online no:
 http://www.formfacil.com/redeafrosaude/mulheresdeaxe

domingo, 10 de abril de 2011

Muito além de serviços médicos e medicamentos para garantir saúde

Saúde não dá no hospital nem no posto
Por Ana Reis, médica, Salvador-BA. Enviado por Fátima Oliveira.



Desde o fim da ditadura, os movimentos sociais, os feministas inclusive, e com muita força, têm lutado por políticas públicas para impedir a destruição neoliberal do sistema público de saúde, exigindo que os serviços melhorem e se multipliquem. 
O acesso a serviços de qualidade tem que ser garantido para todas e todos. Mas...  será que isso basta para ter saúde? O que deixamos de fora da agenda quando na pauta “saúde” as reivindicações ficam centradas nos  serviços médicos?
Uma comunidade que não disponha de renda, comida, água limpa, esgoto sanitário, coleta de lixo e habitações dignas e mesmo assim tenha acesso a um hospital com as últimas tecnologias de diagnóstico, tomografia e ressonância magnética vai ser saudável?
Pensar a saúde associada à medicina é como achar que se você tem cartão de crédito é rica.
O que a medicina pode fazer, quando pode, na maioria das vezes é tratar das doenças. Tirando as vacinas, a prevenção das enfermidades e a construção da saúde, que é diária, fica praticamente fora dos serviços de saúde.
Mas quando se precisa das consultas médicas, sabemos como elas funcionam: alguns minutos, medir pressão, pedir exames de sangue, urina. Mais exames, mais consultas, mais pagamentos para um mesmo atendimento. Tem gente que até diz que já começou o tratamento quando fez um exame qualquer de laboratório. E exame trata alguma coisa?
Na maior parte dos casos os pedidos desses testes servem para maquiar a falta de escuta das queixas, a falta do exame físico cuidadoso, ou seja: a falta de medicina clínica que examina a pessoa e sabe qual o problema e como tratar. O laboratório só entra para confirmar ou não as hipóteses de diagnóstico.


Assim funciona a medicina clínica, ouvindo o que a pessoa traz, o que sente, olhando e examinando o corpo. Sem roupa. Com tempo e respeito.
E quando se tem acesso aos hospitais é bom torcer para não pegar uma infecção hospitalar, uma “intercorrência” absurda e criminosa, que devia ser alvo de ações judiciais e indenizações.  
A má qualidade de atendimento resulta, em boa parte, do próprio sistema de formação das faculdades de medicina que orienta alunas e alunos para as especializações e para a atuação em hospitais super equipados. O conhecimento fica fragmentado e insuficiente e, para piorar, o pessoal se torna arrogante e autoritário.
As más práticas médicas não estão somente nos serviços públicos. As mortes por lipoaspirações e o récorde de cirurgias plásticas são escândalos das clínicas privadas.
Recentemente, devido à deterioração e descrédito da medicina mercantilizada e sucateada, houve um crescimento importante das chamadas terapias alternativas tradicionais, como a homeopatia, a acupuntura, as massagens, o uso de ervas medicinais.
Além disso, a fragmentação das especializações fez crescer o papel das psicoterapias, da orientação nutricional e da fisioterapia, entre outras. A maior presença de profissionais dessas outras áreas causou uma reação furiosa entre os mais reacionários do poder médico, dando origem ao Projeto de Lei do Ato médico, que pretende concentrar nas mãos da medicina a chefia das equipes de saúde e o poder/saber do diagnóstico. A lei já foi aprovada na Câmara e está ainda sob debate tramitando no Senado.
Outra demonstração do poder médico é a reação feroz às casas de parto e mais recentemente ao curso de obstetrizes na USP. Qualquer tentativa das mulheres tomarem nas próprias mãos o controle da procriação é violentamente atacada. Fecham as casas de parto,  negam o acesso ao conhecimento. Estamos voltando às fogueiras da igreja católica, que em 3 séculos assassinou 8 milhões das mulheres que tinham o saber/poder sobre seus corpos? 
Paralelamente, a indústria farmacêutica vem reagindo ao uso de ervas medicinais e remédios homeopáticos, forçando regulamentações e retirada do mercado desses recursos que são eficazes, têm  mínimos efeitos negativos, são mais baratos e acessíveis.


Todas essas questões interferem na saúde das mulheres.
Mas além de serviços e remédios, a saúde depende fundamentalmente daqueles fatores lembrados no começo.
As lutas pelo emprego, pela comida, por água e esgoto fazem parte das agendas há muito tempo. A atualização dessa lutas, no entanto, tem se tornado mais complexa com o avanço do capitalismo industrial.
Não basta ter alimentos, se estes estão contaminados com agrotóxicos, se são transgênicos, se têm quantidades absurdas de conservantes, corantes, estabilizantes, espessantes e um monte de “antes” que a maioria das pessoas nem lembra de ler nas embalagens.
Toda mulher que cozinha sabe que se fizer uma fornada de biscoitos e que - se sobrarem alguns depois do ataque das crianças - em pouco tempo eles estarão duros ou mofados. Imagine a quantidade de produtos químicos que contêm os industrializados para durarem meses nas prateleiras dos mercados. Depois ninguém sabe porque estamos assistindo a uma epidemia de câncer no planeta. Isso sem falar nos salgadinhos bem salgados e cheios de gordura que estão deixando as crianças com pressão alta e obesas.
Quanto ao abastecimento de água, ignoramos todas as substâncias químicas que os sistemas de “purificação” não conseguem retirar. De hormônios a anti-depressivos, metais pesados e sabe-se lá mais o quê. Então, não basta ter água. Precisamos saber o que vem nessa água. E que ela seja realmente potável.
O ar poluído das grandes cidades, o ar das queimadas no campo causam doenças também.
Os produtos com “cheirinho de limpeza”, os produtos de “beleza”, cremes, xampus, alisantes de cabelo, são fontes de doenças sobretudo para as mulheres, muito mais expostas a eles.
Recentemente o Greenpeace fez uma pesquisa da poeira doméstica em 4 cidades brasileiras que revelou a presença de substâncias que dão câncer, interferem nos hormônios e nas defesas imunológicas.
Mas a pressão para se usar só substâncias conhecidamente inócuas ainda é muito frágil entre nós. A propaganda nas novelas e nos programas infantis empurra esse lixo tóxico para a população.
Assim como ela não dá no posto nem no hospital, a responsabilidade de controlar a saúde nos alimentos, na água e no ar atmosférico não fica no Ministério da Saúde. Como sabemos, no caso dos produtos agrícolas entupidos de agrotóxico, o controle fica nas mãos do agronegócio que controla o Ministério da Agricultura. E, no Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária não cumpre suas responsabilidades.
As decisões sobre os trangênicos fica nas mãos da CNTBio, onde a preocupação/responsabilidade com a saúde da população não tem vez nem voz.
Então, quem controla tudo isso?
Outro fator importante para a saúde das mulheres é a diminuição do esforço físico no trabalho doméstico. Serviços públicos de lavanderias coletivas - com máquinas de lavar - são urgentes. Creches e restaurantes coletivos igualmente urgentes.
Para a chamada saúde mental, espaços de convívio e trocas de experiências e saberes são também necessários, assim como o tempo e o lugar para o lazer. Qualquer comunidade, por mais pobre que seja, tem um campinho de futebol e o buteco com a sinuca.
Os homens por mais marmanjos que sejam, têm tempo livre e lugar para brincar e se divertir. Para as mulheres, encontrar outras e conversar, só nas filas do posto de saúde e nas igrejas. Por ironia nada engraçada, dois lugares dos discursos mais patriarcais e inimigos da nossa autonomia: o discurso médico e o religioso. 
Se o governo fizesse colônias de férias e garantisse para as mulheres ao menos 10 dias de repouso e diversão por ano - sem tomar conta das crianças e sem obrigações - a economia do SUS em remédios e atendimentos pagaria essas colônias.
Da mesma forma, o acesso das mulheres à prática de esportes não competitivos oferece oportunidades de vida social para todas as idades e promove saúde.
Anti-depressivos e calmantes não resolvem, só pioram as condições psíquicas.  Manter as mulheres sob a camisa de força química dos medicamentos é uma estratégia de dominação disfarçada em atendimento.
Por fim, é preciso falar das questões que estruturam as desigualdades em nossa sociedade. Falar delas por último deixa mais acesa na lembrança a sua urgência. Essas questões são o racismo, a misoginia, a heteronormatividade e o classismo, formas de dominação, exploração e exclusão baseadas no ódio, no desprezo, cujas práticas estão presentes nas relações sociais e que resultam em sofrimento, doenças e  mortes. Práticas presentes também no posto, no hospital, da recepção à sala do parto, nas consultas e na falta delas.
Como falar em humanização sem enfatizar o racismo, a misoginia, a norma heterosexual e o classismo institucionais?
Com certeza estes serão debatidos na Conferência Nacional de Saúde convocada pelo governo para este ano. Que não seja mais uma conferência que resultará em propostas de políticas sem verbas.
E por fim mesmo, cabe perguntar como andam as instâncias de controle social e como funciona o acesso a elas. Burocratizaram-se? Transformaram-se em capitanias hereditárias das facções dos partidos? Das centrais sindicais? Ou são estruturas dinâmicas, lugares de exercício da cidadania apontando para possibilidades de autogoverno? Qual a sua representatividade? Repetem relações racistas, misóginas, LGBTT-fóbicas, burguesas?
Vivemos um momento histórico de grandes oportunidades, com uma mulher presidenta, pela primeira vez. Que seja a primeira de uma longa série....
Fazer desse e dos próximos, um governo antiracista e feminista depende de todas.
Com ousadia e rebeldia.

Fonte Imagens:Google

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ogan Silvestre envia depoimento sobre o Mulheres de Axé


Ogan Silvestre no encontro

A benção minhas Mães, meus Pais e meus Irmãos,

 Em primeiro lugar gostaria de agradecer a todas e todos que estiveram na organização do evento e também para os que estavam participando, pelo acolhimento que tivemos durante os dois dias do Encontro Mulheres de Axé.
 
Vocês não imaginam a minha emoção quando vi Mãe Hóstia entrar no mar pela primeira vez. Eu nunca tinha visto uma pessoa em um estágio de regressão como vi naquele dia. Ela pulava, jogava água para cima, brincava com se fosse uma criança. Foi uma das maiores emoções que já tive. E tudo isso quem promoveu foi a Rede, foram todos vocês que oportunizaram a Mãe Hóstia ter um momento tão puro como aquele.  
 
Na sexta feira, dia 26 de fevereiro de 2011, tivemos reunião da ACCUNERAA. Mãe Hóstia que sempre ficava calada observando desta vez estava muito falante. Ela narrou tudo que aconteceu no encontro de uma maneira tão clara que todos ficaram abismado e quando lhe perguntaram o que tinha acontecido que ela estava mais solta e confiante ela respondeu “foi o respeito e carinho que todos demonstraram por mim e pelo os outros que estavam no encontro, lá éramos todos iguais, ninguém era melhor que ninguém. Tudo isso me fez ficar mais confiante”

Se hoje me perguntarem quais os meios de promoção a saúde eu diria que é:
 
  • Acolhimento;
  • Respeito;
  • Alegria;
  • Participação;
  • Sabedoria
  • Fé;
Pois foi isso que encontramos durante o encontro.

A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde consegue promover tudo isso em apenas dois dias, consegue juntar pessoas de vários lugares, vários pensamentos e com um único objetivo; “discutir políticas que promovam o bem estar de cada negro e negra deste país”
 
Ouvir Jurema falar é como ouvir a própria sabedoria em forma de pessoa, aliás assim como todo muçulmano deveria ir pelo menos uma vez na vida a Meca, toda mulher e homem negro antes de sua morte deveria ouvi-la falar. Ela é demais.
 
Para finalizar gostaria de agradecer a Mãe Lúcia e a Vilma pelo carinho que tiveram comigo e em especial a meu grande amigo e irmão Marmo por tudo isso que ele promove para os Babás e as Yás que participam da Rede.
 
Muito axé a todas e todos.    


Egbomi Neusa e Mãe Mãe Hóstia de Porto Velho sorrindo (de azul)

Mulheres de Axé: diversidade, força e harmonia

O I Encontro Estadual Mulheres de Axé do Rio de Janeiro foi um espaço importante para vivenciar trocas de informações e refletir sobre a real situação das mulheres de terreiros. Apesar de ser um encontro estadual estavam presentes mulheres de diversas regiões do país, das diversas tradições de matriz africana: umbanda, candomblé, batuque, jurema, encantaria, tambor de mina, xangô, entre outras.

O encontro mostrou que a diversidade não é motivo de afastamamento entre essas mulheres, muito pelo contrário, a diversidade possibilitou novos olhares e contribuições sobre os temas discutidos. E foi assim durante as apresentações em plenária, nos encontros nos corredores, na hora do almoço, durante o lanche e  nas horas livres a noite. 

Juventude dos terreiros presentes ao encontro
Pudemos ver nesse encontro "mães e filhas de santo" unidas e as trocas entre as gerações, as nossas mais velhas trocando com as mais novas. Como bem explicitou uma das mulheres presentes: "esse encontro foi um momento de equilíbrio e harmonia, o que mostra a nossa maturidade e capacidade de negociação". 

O encontro iniciou bastante provocativo quando a pesquisadora Helena Theodoro falou sobre o poder feminino na tradição religiosa de matriz africana, trazendo relatos sobre a deusa Iansã . O tema foi polêmico e provocou muito debate mostrando que as mulheres de axé estão atentas para as discussões de gênero e poder.

Helena Theodoro em sua apresentação no Mulheres de Axé 

Logo depois foi a vez de Jurema Werneck, de Criola, falar sobre o impacto do racismo na vida das mulheres, o que também provocou discussões e muitas perguntas. A Ekédi Lucia Xavier abordou a necessidade das mulheres de terreiros acompanhar e monitorar o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e a importância das mulheres de terreiro  participarem da III Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres que acontece nesse ano de 2011.


Jurema Werneck em apresentação no encontro

Simone Cruz, da Rede Lai Lai Apejo, apresentou os resultados de uma pesquisa sobre as organizações negras que desenvolvem ações em HIV/Aids e as relações com o Plano de Enfretamento da Feminização da Epidemia de Aids. Aproveitou para informar que entre o movimento negro, os grupos de mulheres negras foram os mais sensíveis em incluir em suas agendas o tema HIV/Aids.

 Mãe Nilce de Oyá apresentou a participação da Rede Nacional de Religiões e Saúde no Fórum Social Mundial 2011, que aconteceu em Dakar. Ela aproveitou para mostrar as parcerias que foram estabelecidas entre a Rede e outros grupos que lá estavam representados. Identificou no Forum alguns problemas como a falta de organização mas achou que  a experiência foi fundamental para a Rede.


Mae Jane de Oyá  e Mãe Nilce de Oyá

Durante o encontro muita coisa foi dita, muitas questões foram levantadas, mas ao final o que ficou é a necessidade de dar continuidade a esse processo e continuar caminhando em direçao a inclusão das mulheres de terreiro nas políticas públicas. E para essa tarefa as mulheres de axé estão atentas e organizadas.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Veja as propostas do Encontro Mulheres de Axe

Mae Of'a, Mae Nilce e Ekedi Lucia
Propostas do I Encontro Estadual Mulheres de Axé do Rio de Janeiro
1. Organização de Oficina sobre  elaboração de projetos e captação de recursos
2. Criação de uma comissão de mulheres de terreiros à nível estadual e nacional para levar demandas das mulheres e ampliar a interlocução das Mulheres de Axé com a SPM, SEPPIR, SUPERDIR, Ministério da Saúde, etc.
3. Participação das Mulheres de Axé nas Conferências de 2011(Conferência Nacional de Saúde, Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, Conferência Nacional de Segurança Alimentar, etc).
4. Elaboração de material facilitador para as Mulheres de Axé com a finalidade de dar suporte de informações para qualificar a  participação nas Conferências
5. Realiza'cao de um Projeto de Inclusão  Digital das Mulheres de Axé visando autonomia das mulheres no acesso e no manejo da internet,
6. Formação das Mulheres de Axé de todos os Núcleos da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde nos estados em questões relacionadas a Direitos Humanos, Gênero, Saúde, etc.
7. Dar continuidade aos encontros Mulheres de Axé em outros estados e a realização do Encontro Nacional Mulheres de Axé
8. Enfrentamento da Feminização da Epidemia de HIV/Aids no Axé e a retomada das ações de prevenção, incluindo  as mulheres jovens de  terreiros
9.  Organizar junto com a sociedade civil um ato para pressionar o Governo Estadual em relação  à implementação da Política de Combate à Intolerância Religiosa no Estado do Rio de Janeiro
10. Formalizar solicitação à Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, via Rede, para que os Terreiros recebam camisinhas, display para distribuição de camisinhas, realização de palestras, elaboração e distribuição de materiais educativos com a linguagem dos terreiros, exibição de vídeos e debates com a finalidade de fortalecer a prevenção no Axé

Mae Marlise, Mae Ignez e Louise Silva


Comentários enviados por Mãe Cristina de Oxum(São Paulo) sobre o encontro

Bom dia e Motumbá a todas e todos
É com grande alegria que venho aqui através deste agradecer e dizer o quanto foi produtivo este encontro e deixo um texto que fiz a partir das emoções estampadas e vividas por nós nestes dias do I Encontro de Mulheres de Axé do Rio de janeiro.

Mãe Cristina de Oxum


  
Quando Helena Theodoro começa a discursar e levantar os ventos de Oya, vejo que começava a chama que muitas de nós precisaríamos para suportar tamanha energia que se apresentava naquele espaço de negociação.
No crescente de sua fala a emoção chega espalhando no ar as lembranças do espelho quebrado na ausência de energia e de fogo das lembranças dos maus tratos vividos por nossos ancestrais e que naquele espelho agora trincado remetia a muitas mulheres que naquele espaço agora sufocante, mas ao mesmo tempo acolhedor e aconchegante pelo fato de não estarmos sós nas nossas lembranças começaram a ter uma catarse e como em transe deixavam suas lagrimas apagarem a quentura dos constrangimento por outrora vivido.

Na demonstração de quão real o racismo ainda esta latente nos nossos poros Jurema Werneck, cabocla guerreira, desvenda os nossos olhos já limpos pela lagrimas das lembranças e traz uma nova lente para a realidade e como devemos estar prontas para lutar contra a intolerância religiosa, institucional e não tão longe assim o racismo total que ainda esta presente nas nossas vidas de Mulheres de Axé.
Organizações que acreditam em tamanha dor vem dizer que estão prontas para acolher as dores e dar ferramentas para lutar, como que Exu e Ogum dizendo olha estamos aqui venham se armem e auxiliem no comando desta nova ação, construção de uma vida mais digna para as Mulheres de Axé.
Mulheres estas que já estavam neste momento com seus pensamentos, olhares, voltados ao futuro, pois aguçadas elas deixam emanar muito mais energia de eu posso, eu quero, eu vou, objetivando os seus ideais que noutra hora dizia que não tinham pernas para conquistas coletivas de um bem maior para as suas comunidades e que com a demonstração de uma mulher de Oxum que traz instrumentos que possam ser levar a novos rumos.

Não sei dizer ao certo em que momento vi o que vou relatar neste pequeno trecho de minha escrita, mas sei que no final trouxe comigo uma parcela desta que foi a energia de maior intensidade neste inicio de ano para mim.
Olhares turvos, sensações variadas, ondas que antes inertes agora afloradas pela audição e visão no horizonte. Humildes, singelas, mas guerreiras, capazes, políticas são as Iyás que pela primeira vez estiveram conosco, como que diziam em suas posturas – o que os Orixás querem de mim? O que estou fazendo aqui?

Nossas Iyás mais experientes nestas lutas nos colocam no trabalho com seus exemplos de direcionamento como fez Mãe Beata ao término do primeiro dia.
E ao nos despedirmos de Mãe Hóstia de Rondônia, mulher que quero aqui homenagear pela sua singeleza em dignidade e amor, tanto quanto a Mãe Helenice de Salvador que nos disse eu quero, eu vou. Mae Helenice que luta em sua comunidade para manter a tradição, cultura e religiosidades. Vi uma menina que necessitava de afago, pois acaba de comer um doce, tão doce que saciou as suas ansiedades, mas que também aguçou a sua curiosidade em querer provar de novos sabores, mas que ao entrar na sua realidade precisava de abraços, carinho e acolhimento para seguir em sua jornada.

Só sei ser verdadeira: as lágrimas de Mãe Hóstia fizeram com que eu realmente acreditasse é possível, basta querer. Nas lagrimas de  minhas Iyás presentes: vamos realizar juntas, não estamos só, nas lágrimas de Ogan Silvestre tudo podemos naqueles que nos fortalecem, o quanto o sagrado é a base de nossas ações e o quanto o coletivo é o nosso objetivo. Um bem maior para atingir cada vez mais pessoas neste nosso compromisso, o quanto os depoimentos se faz presente para continuarmos na trajetória.
E por fim cada diamante em forma de lágrimas sejam colhidos como fontes de inspiração, valores inestimáveis para o nosso caminhar diante das nossas lutas pessoais e coletivas.

Adupé!

O meu muito obrigada para todas e todos por me deixar fazer parte de seus compromissos, as senhoras e senhores fazem parte do meu caminhar, espero honrar tudo que presenciei nestes dias.

Iyá Cristina d’Osun